Uma coisa é certa, a natureza do ser humano não é monogâmica. O bicho homem é um ser social e sua natureza é relacionar-se com diversas pessoas ao longo da vida. A mulher era adorada pelos homens e vista como um ser superior capaz de gerar uma vida com seus “poderes mágicos”. E todos viviam livremente.
A Monogamia surgiu com o patriarcado e a necessidade de perpetuar o patrimônio e o poder político, quando o homem percebeu que ele também tinha participação direta na concepção de outra vida.
Em resumo, o Homo Sapiens Sapiens, deixa de ser nômade (caçadores e coletores em busca de abrigo e alimento), passa a dedicar-se à agricultura e entende seu papel divino na procriação. No momento em que isso acontece ele percebe que só existe uma forma de garantir que seu patrimônio ou posição na hierarquia seja garantido: se a mulher escolhida, também por questões políticas e econômicas, se relacionar apenas com ele.
A partir desse advento a mulher passa a ser monogâmica e o homem continua polígamo, mesmo que extra oficialmente.
Quando a igreja ganha força entre as civilizações e aproxima-se dos Reis, a política ganha um excelente aliado para garantir a Monogamia: o conceito do pecado. Quem se relacionasse com alguém hora do casamento (mulheres especialmente) não só era punido em vida como também iria para o inferno!
Assim foram garantidos muitos reinados e muitas riquezas. E uma das práticas mais comuns nessa época, era que essas pessoas se relacionassem na própria família para concentrar o poder e o dinheiro.
Ramsés ll, o maior faraó do Egito, casou-se oito vezes, sendo quatro delas com suas filhas!
Saindo do momento fofoca e voltando ao nosso assunto, no século XlX a ideia de Monogamia ganha outro poderoso aliado: o AMOR ROMÂNTICO. Nesse novo conceito da época, a pessoa deveria manter-se fiel a quem ama e ao compromisso assumido por ambos, na verdade pelos pais, já que os casamentos eram arranjados. E assim a Monogamia firmou-se como uma verdade conceitual que muitas pessoas estão questionando na atualidade.
A escritora catalã Brigitte Vasallo escreveu um livro a respeito chamado “O desafio poliamoroso”. Ela afirma que a Monogamia é um sistema opressor e não uma escolha, mas ainda assim diz: “Continuamos praticando a exclusividade sexual dentro do casal porque precisamos, porque quando construímos a relação com base em todos esses parâmetros, quando construímos essa identidade conjunta, a exclusividade é quase dada. A partir daí, é muito difícil aceitar que aquela pessoa — com quem a sua relação também lhe confere um valor pessoal, social, que também constrói sua própria identidade — tenha outra pessoa. Na minha opinião, para abordar a questão da exclusividade, devemos abordar primeiro a forma como construímos relacionamentos. Eu acredito que a exclusividade não pode ser desmontada sem reflexão, para não fazer mal nem a si mesmo e nem aos outros.
E essa reflexão é importantíssima para os casais que questionam a Monogamia nos dias de hoje, porque não basta decidir se vão abrir o relacionamento para experimentar algo novo, ou para tentar salvar a relação. É preciso muita conversa, muita cumplicidade e segurança para lançar-se ao desconhecido poliamoroso. A natureza humana pode não ser monogâmica, nossos ancestrais podem ter sido poliamorosos, mas nós temos milênios de um condicionamento ideal e comportamental, e por isso o casal deve estar unido na mesma ideia. É preciso libertar-se da insegurança, do julgamento e da ideia de posse em que somos donos e/ou propriedade do outro.
E por isso é tão importante que o casal esteja alinhado e seguro para descobrir sua própria forma de se relacionar e não cair numa fantasia de novidade que na verdade vai levar aos mesmos hábitos antigos.
Agora que sabe a história por trás da Monogamia, converse com seu par e lembrem-se que o certo e o errado será decidido por vocês!
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